Se Maomé não vai a Brokeback Mountain,
também não vai um dos cowboys a Maomé.
31.3.06
Tempos modernos
solto por Su às 11:39 0 pairando
30.3.06
Os ombros suportam o mundo
Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.
Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.
Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo,
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.
Drummond, in Sentimento do Mundo
solto por Su às 11:08 0 pairando
28.3.06
Deixe-me ir, preciso andar
Vou por aí a procurar
Rir pra não chorar
Se alguém por mim perguntar
Diga que eu só vou voltar
Quando eu me encontrar.
Candeia
solto por Su às 10:18 1 pairando
27.3.06
Esperanças III
Só uma frestinha, fiozinho curto de luz, uma faísca... e eu começaria tudo de novo.
solto por Su às 09:15 1 pairando
24.3.06
Momentos II
Tempo de casa cheirando a tempero do Nordeste, o tal do coloral eles diziam. Vó, ela mesma, ia pegar as sabiás, vinha com dois sacos cheinhos, tirava uma a uma, destroncava, passava no fogo pra depenar... E tinha o arroz. Era quando a gente mais comia arroz, por causa do caldo das sabiás. O canto mudo saindo da panela e ensurdecendo a gente, ô melodia bonita. Era o paraíso servido à mesa.
solto por Su às 19:33 0 pairando